Marie Curie foi uma importante cientista e que passou por algumas dificuldades para poder estudar e realizar as suas pesquisas. Mas ela não se intimidou com as adversidades! Veja neste relato que encontramos e traduzimos, os obstáculos por ela enfrentamos e como defendia que a educação é essencial para o desenvolvimento das pessoas e do país!

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Relato de Marie Curie

“Continuei meus esforços para me educar. Não foi tarefa fácil sob a influência  do governo russo de Varsóvia; ainda assim encontrei mais oportunidades do que no país. Para minha grande alegria, pude, pela primeira vez na vida, ter acesso a um laboratório: um pequeno laboratório físico municipal dirigido por um dos meus primos.

Eu tinha pouco tempo para trabalhar lá, à noite e aos domingos. Eu tentei várias experiências descritas em tratados sobre física e química, e os resultados foram por vezes inesperados. Às vezes eu era encorajada por um pouco de sucesso inesperado, em outras, eu estava no mais profundo desespero por causa de acidentes e fracassos resultantes da minha inexperiência.  Mas, no geral, embora eu tenha aprendido que o caminho do progresso não é nem rápido nem fácil, esse primeiro julgamento confirmou em mim o gosto pela pesquisa experimental nos campos da física e da química.

Outros meios de instrução vieram até mim através de um grupo de jovens entusiastas (homens e mulheres) de Varsóvia, que se uniram em um desejo comum de estudar, e cujas atividades eram ao mesmo tempo sociais e patrióticas. Foi um desses grupos de jovens poloneses que acreditavam que a esperança de seu país estava em um grande esforço para desenvolver a força intelectual e moral da nação, e que tal esforço levaria a uma melhor situação nacional, do qual eu participei. O objetivo era desenvolver suas  próprias capacidades intelectuais e fornecer meios de instrução para operários e camponeses.

Nesta organização concordamos, entre nós, ministrar cursos noturnos, cada um ensinando o que mais sabia. Esta era uma organização secreta, o que tornou tudo extremamente difícil. Havia no nosso grupo jovens muito dedicados que, como ainda hoje acredito, poderiam fazer um trabalho verdadeiramente útil.

Eu tenho uma lembrança brilhante do companheirismo intelectual e social que estabelecemos e que eu apreciava naquela época.  A verdade é que os meios de ação eram pobres e os resultados obtidos podiam não ser consideráveis; mas ainda acredito que as idéias que nos inspiraram são o único caminho para o verdadeiro progresso social. Você não pode esperar construir um mundo melhor sem melhorar os indivíduos. Para esse fim, cada um de nós deve trabalhar por sua própria melhoria e, ao mesmo tempo, compartilhar uma responsabilidade geral para com toda a humanidade, sendo nosso dever específico ajudar aqueles a quem julgamos precisar de ajuda.”

Esse relato, traduzido do inglês,  de Marie Curie descreve, além do seu incrível altruísmo, os grupos secretos chamados Universidades Voadoras, que eram uma forma dos estudantes poloneses terem acesso à educação e divulgar as suas ideias, muitas vezes contrárias, às ideologias do governo.

Esses grupos funcionaram de 1885 a 1905 em Varsóvia, então sob o controle do Império Russo e que foram revividos entre 1977 e 1981 na República Popular da Polônia.

No século XIX, essas instituições clandestinas foram importantes no esforço nacional para resistir à germanização e a russificação sob ocupação russa. Na República Popular da Polônia comunista, as Universidades Voadoras ofereceram oportunidades educacionais fora da censura do governo e do controle da educação.

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