Você já se perguntou o que acontece com os neurônios mortos? Pela primeira vez um grupo de pesquisadores conseguiu registrar em vídeo como os neurônios mortos são eliminados.  Já faz um tempo que sabemos que o nosso sistema nervoso é capaz de eliminar células que não estão mais vivas, mas foi apenas recentemente que o processo foi observado em cérebros de ratos. 

Tá preparado para entender como tudo isso aconteceu?  

O neurologista Jaime Grutzendler e seu time, da Escola de Medicina de Yale (em Connecticut) foram os cinegrafista dessa cena. Apesar de o evento ter sido filmado em células de ratos, as informações obtidas podem contribuir para a medicina, já que nós e os roedores de laboratório somos mamíferos. 

Jaime espera que a novidade contribua, por exemplo, para que a gente entenda mais sobre doenças neurológicas. A expectativa é que ao aprofundar os conhecimentos sobre a morte dos neurônios e sua eliminação do cérebro seja possível encontrar soluções e tratamentos para que o tecido nervoso mantenha-se saudável. 

Semana passada falei sobre uma doença neurodegenerativa na nossa coluna “Médicos do Futuro”, se ainda não leu clica aqui

Os assistentes de limpeza: as células Glia 

No nosso cérebro encontramos os neurônios, responsáveis pela transmissão de informações, por nossa memória e por comandar as ações do nosso corpo. Encontramos, entre os neurônios as células Glia. Estas são responsáveis por manter o tecido nervoso vivo, contribuem para a nutrição e sustentação do tecido. E também são capazes de realizar a fagocitose. 

Quer ver essas células agindo para eliminar neurônios mortos? 

Dá play no vídeo: 

Vou te explicar o que você está vendo: em vermelho está o neurônio que passou pela apoptose (processo de morte celular), em verde você pode observar as células glia se aproximando do neurônio morto e iniciando o processo de limpeza. Para isso sua capacidade de realizar fagocitose é importante.  

Parece que o processo é simples? Na verdade não, ele é muito complexo e são três tipos de células da Glia que participam: microglia, astrócitos e células NG2. As células do tipo microglia eliminam o corpo do neurônio e seu dendritos, os astrócitos eliminam dendritos menores e há evidências de que as células do tipo NG2 evitam que fragmentos de células se espalhem pelo cérebro. 

No vídeo é possível ver que diversas células se aproximam do neurônio que sofreu o processo de apoptose. É possível que as células da glia se comuniquem para coordenar o processo de eliminação dos neurônios mortos e assim nenhuma parte da célula morta fique esquecida. 

Agora o objetivo é compreender esse processo nos seus detalhes. Além de contribuir para o tratamento de doenças neurológicas, pode ajudar a trazer novas informações sobre o processo de cura de lesões cerebrais. E também sobre como esse processo influencia no envelhecimento do cérebro. 

A pesquisa foi publicada no periódico Science Advances

Veja a aula interdisciplinar que com a ajuda da Biologia e da Física explica o impulso nervoso: 

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